Espero que me perdoem o uso deste estilo futebolês, ao falar de mim na terceira pessoa, mas assim fica mais fácil partilhar com vocês a grande mudança ocorrida recentemente na minha actividade profissional. Desde ontem troquei os desterros florestais por um desterro “indoor”, já que assumi a gestão comercial duma empresa familiar de Ferragens e Ferramentas. Claro que não posso perder esta oportunidade de fazer publicidade… trata-se das Ferragens Bacalhau em Torres Vedras. Se algum de vocês tiver falta dum parafuso (que deve ser seguramente o caso da maioria, para andarem nesta vida…), I’m your man!
Confesso que não foi uma decisão fácil deixar a actividade de cartógrafo, que exerci com muito prazer, muita paixão e claro também algumas dores de cabeça (e de pés, joelhos, costas, mãos, dedos e até de alma...). Esta minha escolha foi obviamente influenciada pelas dificuldades que a cartografia (e não só) atravessa, que se irão seguramente agravar nos próximos tempos, mas a principal razão teve a ver com o falecimento do meu primo que geria a firma e que originou esta necessidade do meu envolvimento directo. Na verdade trata-se dum regresso, já que dos 18 aos 20 anos já aqui trabalhei, embora com funções de menor responsabilidade.
Isto representa o fim dum ciclo de quase duas dezenas de anos de dedicação a tempo inteiro à Orientação, mas espero que possa também representar o regresso com mais empenho à vertente competitiva, pois claramente a partir de agora mais um mapa, representará seguramente apenas mais uma diversão!
Este período da minha vida foi dividido quase em partes iguais entre a função de DTN (e membro da Direcção da FPO) e a minha actividade de cartógrafo, mas na verdade começou ainda alguns anos antes enquanto praticante, já no longínquo ano de 1991. É sobre esta vertente mais descontraída e divertida que me quero debruçar agora, pois foi daqui que ficou a questão do “campeão” (que alguns “dinossauros” ainda insistem em me apelidar), já que de facto tenho a honra de ter sido o primeiro campeão nacional de Longa (clássica), de Média (curta) e de Estafetas.
Também me orgulho de ser um dos atletas que mais vezes representou Portugal (ah… parem com isso!!! É sempre a mesma coisa, só querem saber de resultados. Há vida para além disso!!!), tendo começado com a participação no WOC 1991 na Checoslováquia, a que se seguiram mais dois WOCs (Alemanha 95, Noruega 97), quatro participações em Campeonatos do mundo militares (Brasil, Polónia, Hungria e Finlândia), várias participações em Taças do Mundo, Taças dos Países Latinos e Campeonatos Ibéricos. Esta minha “carreira” competitiva internacional teve o epílogo (por agora) com a participação no Campeonato da Europa em 2004 na Suécia. A Orientação proporciou-me a possibilidade de me divertir, com um mapa nas mãos, em mais de 20 países.
Devo muito à Orientação, desde logo pelas de experiencias de vida que me proporcionou, e garanto-vos que neste momento de transição apenas recordo os bons momentos e os amigos forjados na partilha dum mapa e duma floresta, mesmo que de betão! A Orientação tem sido, e continuará a ser, a minha Família!
Quanto a este espaço “maisummapa”, fica desde já esvaziado da parte do “desterro” e sinceramente não sei o que será dele no futuro. Sou bastante pragmático e agora enquanto gerente comercial, ainda tenho que valorizar mais a lei da “oferta e da procura”. É um facto que a “procura” deste Blog ficou muito aquém das minhas expectativas (e do que foi a receptividade inicial, seguramente impulsionadas pelo efeito surpresa), e por outro lado não recebeu os contributos que a modalidade merecia, o que originou enorme desanimo da minha parte, para garantir a sua continuidade.
Sem falsas modéstias, sei que tenho prestado aqui um serviço relevante à Orientação, mas considero que este não mereceu o devido reconhecimento da “comunidade Orientista” e nem sequer foi devidamente acarinhado pelas entidades que serve (a começar pela FPO). É manifestamente um desperdício de pérolas, que neste tempo de crise ainda se revela mais grave, pelo que me urge equacionar o seu custo (em tempo e desilusões) / eficácia (em leitores e diversão).
Mas como diz a sabedoria popular "Quem corre por mapas não cansa", pelo que continuaremos a nos cruzar nas florestas de mapa em punho, desde logo já no POM em Viseu (ah! claro que agora os mapas que fiz se tornaram mais valiosos, apesar do "artista" ainda estar vivo...).