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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ELF - Authentique Aventure (parte 1)

O ELF - Authentique Aventure foi uma prova de aventura, que decorreu no Nordeste Brasileiro em Abril de 2000. Foi a minha primeira experiência internacional da Aventura e fizeram parte da equipa comigo a Maria Amador, o Alexandre Guedes da Silva, o Rui Rocha e ainda na Assistência a Alice Silva, a Fátima Pedreira e o Diogo Rolo. A prova teve uma extensão de 800 km e durou 12 dias "nonstop", pelo que como devem imaginar, há muitas histórias para contar, pelo que decerto que voltarei a este tema. Na verdade esta aventura começou vários meses antes com os treinos, continuou com as viagens e prolongou-se ainda algumas semanas após o fim da prova.

O artigo que se segue foi escrito na altura.


De repente tomei consciência que a prova tinha acabado e fiquei triste!

Na realidade acabáramos de iniciar a última etapa e estávamos a navegar à vela em excelente ritmo. Eu estava recostado no barco sem nada que fazer e toda a pressão dos últimos dias abateu-se sobre mim apanhando-me completamente desprevenido. Tinha definido como meu objectivo chegar ao fim sem uma beliscadura no meu sentido de humor e até então tinha-o conseguido. Mas ali, naquele barco, baixei a minha guarda e eis que me deixo abater e fico cabisbaixo, sorumbático, quiçá macambúzio! Pela primeira vez deixo que o estado dos meus pés, que na altura para além da cultura extensiva de fungos estavam bastante inchados e com um aspecto putrefacto, me perturbe e incomode. 
Os meus delicados pézinhos...
Felizmente, depois de entrarmos na zona de mangue o vento parou e tivemos que remar para podermos progredir! Tinha novamente acção pelo que me voltei a animar, saindo do torpor em que havia mergulhado. Pela frente tínhamos ainda uma noite passada no barco ao sabor das ondas e debaixo de um céu magnificamente estrelado.

Lançámos âncora junto a uma povoação de pescadores, mas não podemos desembarcar pois não havia nenhum cais e as margens eram um autêntico lamaçal. Comemos alguma coisa e acomoda-mo-nos o melhor possível, para dormir algumas horas. Era-mos cinco, numa embarcação pequena e os espaços disponíveis para além de exíguos eram bastante desconfortáveis. Por fim consegui adormecer, mas o sono foi bastante atribulado tendo acordado sobressaltado e confuso, sem saber onde estava e com a sensação de que tinha estado o tempo todo em movimento. Resolvemos avançar até ao último ponto de controlo, do qual só podíamos sair às seis da manhã. Chegámos lá ainda muito cedo, pelo que tivemos que esperar sob um ataque cerrado de pequenos mosquitos que pareciam conseguir entrar em todo o lado e arrancar-nos pedaços de pele. Finalmente o controlador deu sinal de partida e mais uma vez subimos a vela para aproveitar o vento que soprava na direcção da meta. Passado pouco tempo já avistávamos a praia onde algumas pessoas, bem menos do que eu esperava, aplaudiam a chegada das equipas.

Tínhamos chegado ao fim! Cumpríramos o nosso objectivo (não no que diz respeito à equipa pois o Rui Rocha ficara pelo caminho) para o qual nos havíamos preparado durante meses! Haviam-se acabado as noites mal dormidas num qualquer alpendre! Finalmente podíamos descansar e recuperar das mazelas dos últimos dias! Pela frente tínhamos quatro dias num hotel junto à praia! Então porque é que eu não estava contente? Porque não festejei euforicamente o nosso grande feito? A resposta a estas perguntas é o facto de ter tomado consciência que aquilo significava o fim da nossa aventura! Penso que a Maria, embora feliz por finalmente ter conseguido terminar um grande Raide, partilhava comigo a melancolia de ter chegado ao fim. 

Por outro lado o Alexandre estava radiante e parecia um puto a pular de contente e a abraçar toda a gente que passava ao seu alcance. Esse sentimento era compreensível, principalmente depois de alguns dias antes ele ter tido que tomar a difícil decisão de ficar de fora, por não haver ninguém para fazer equipa connosco nos kayakes, tendo sido salvo no último minuto pela Bia (brasileira que se juntou a nós nas últimas etapas). Esta por seu lado conseguiu terminar a prova desperta, depois de ter conseguido fazer as ultimas etapas connosco, num aparente estado de sonolência constante.

Esta aventura chegara ao fim, mas certamente outras nos esperam!

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