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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ELF Authentique Adventure (parte 2)

Já publiquei aqui há algum tempo o relato da minha participação no ELF Authentique Adventure, que decorreu em 2000 no nordeste brasileiro. Nessa altura prometi que voltaria a esse tema, para vos contar algumas estórias dessa prova que durou 12 dias e teve uma extensão de 800km.

Na verdade a prova começou alguns meses antes, tentando gerar receitas através da organização de provas e garantindo os patrocínios necessários para viabilizar a participação, que estava orçamentada em mais de 2000 contos (10000 euros).

Foi também necessário proceder a treinos de selecção e preparação da equipa, tendo no meu caso servido também como teste para a minha entrada na equipa (fui convidado, juntamente com o Rui Rocha, a integrar este projecto, ainda sem fazer-mos parte da UTL Aventura). Fizemos inúmeros treinos das várias disciplinas incluídas na prova - equitação, kayakes, vela, BTT, corrida, actividades de cordas e a omnipresente orientação (no caso da equitação tive até aulas no CMEFD, onde tinha prestado serviço uns anos, sem nunca ter montado um cavalo). No final do período de treinos, cada um de nós fez uma avaliação dos restantes membros da equipa, ordenando-os pelo seu desempenho em cada uma das especialidades, permitindo assim definir a constituição da equipa (Alexandre G. Silva, Maria Amador, Rui Rocha e Luís Sérgio) e da assistência (Alice Silva, Diogo Rolo e Fátima Pereira).

Cada equipa tinha que dispor de todo o equipamento a usar na prova - equipamento individual de equitação, material de escalada incluindo capacetes e 2 cordas de 100m, equipamento de BTT e respectivas 5 bicicletas (1 de reserva), etc etc. Para além disso resolvemos levar também os kayakes (2 de 6,5 m, pintados com as cores de Portugal), que já tínhamos acordado vender a uma equipa brasileira no final da prova.

Como quem já passou por estas situações deve estar a suspeitar, viajar de avião com todo este equipamento revelou-se uma verdadeira aventura, que começou logo quando fomos informados pela TAP, que teríamos que pagar 600 contos (3000 euros) só para levar os kayakes. Este valor era completamente incomportável, pelo que tudo tentámos para o evitar, desde logo alegando que era o nosso equipamento individual e irmos em representação de Portugal. Como isso não resultou recorremos a todas as cunhas possíveis (eu pus o lóbi Comando em acção), mesmo assim sem qualquer sucesso.

Em desespero fomos à VARIG perguntar as condições para levarem os kayakes, tendo recebido em resposta um desconcertante: "tem problema não!" e que os nossos kayaques iriam sem qualquer custo. Assim, lá trocamos dois dos bilhetes que já tínhamos reservado da TAP para a VARIG, e o Diogo e a Fátima foram encarregues de os acompanhar. Bem, acompanhar é uma força de expressão, já que ao fazerem escala em São Paulo, eles tiveram que levantar toda a bagagem (incluindo os 2 kayakes de 6,5 m) e transportá-los para outro piso, onde voltaram a fazer o check-in, que incluiu passar os kayakes pelas máquinas de Raio x (eles estavam cheios com os coletes e outros equipamentos leves).

O mais irónico desta história é que a VARIG tinha um acordo de permuta com a TAP, que fez com que os kaykes acabassem por ir num avião da TAP, a custo zero...

Saltando por cima da prova, que também tem várias peripécias que vale a pena partilhar, vou já contar-vos as complicações para trazer o equipamento de volta para Portugal, nessa altura já sem os kayakes e sendo apenas 5, pois a Fátima e o Diogo optaram por ficar mais uns dias de férias.

Os problemas começaram logo no aeroporto de São Luís, pois uma vez que ia-mos fazer escala em São Paulo, para rumar definitivamente a Portugal (na verdade fizemos várias paragens até lá, qual bola de ping-pong, apenas com a vantagem de cada uma delas ser recompensada com mais comida), essa viagem era considerada nacional, pelo que cada um de nós só podia levar 20kg de bagagem em vez dos 60 dos voos internacionais, logo teríamos assim que pagar uma taxa proibitiva de excesso de bagagem. Depois de demoradas negociações baseadas no argumento que não queríamos ir para São Paulo mas sim para Portugal, assim na prática aquele era um voo internacional, lá conseguimos permissão para levarmos os 60kg/pessoa. Mesmo assim ainda tivemos que pagar um excesso de bagagem, pois levávamos mais de 300kg (sem contar com as bagagens de mão onde iam os "ferros" todos)!!!

Em São Paulo tivemos que levantar toda a bagagem e proceder a novo check-in, e sim... já adivinharam, tivemos novamente problemas, neste caso não com o peso, mas sim com o número de volumes, uma vez que cada pessoa só podia levar dois e nós os 5 tínhamos 15. Nessa altura já tinha reparado com imensa surpresa, que o funcionário que nos estava a atender no balcão tinha um mini crachá dos Comandos portugueses no bolso da camisa, pelo que para satisfazer a minha curiosidade e na expectativa de poder capitalizar esse facto, perguntei-lhe porque o usava. Explicou-me que o pai era português e que tinha servido nos Comandos em África (imagino que se o filho usa uma miniatura do crachá, o pai deve tê-lo tatuado no braço, logo acima do "amor de mãe").

Estendendo os tentáculos do polvo Comando além Atlântico, informei que também era Comando, mandando logo um grande abraço para o senhor seu pai e meu camarada. Tendo conquistado um aliado, perguntei se havia alguma forma de podermos contornar esta questão, ao que ele respondeu nada poder fazer, mas que podíamos colocar o problema à sua superior. Lá fomos falar com ela, que também disse nada poder fazer, mas que podíamos ir falar com o chefe do check-in. Também este se manifestou impotente para solucionar o caso, mas telefonou ao administrador (não sei do quê...), que nos pediu para irmos ao seu gabinete.

Mais uma vez apresentei o nosso pleito, tendo ele se manifestado muito interessado, mas disse que não podia desrespeitar as regras e acrescentou que quando muito poderíamos juntar alguns volumes. Percebi logo que estava ali a solução e agradeci a gentileza. Assim que saímos do gabinete pedi ao meu compincha se me arranjava fita adesiva, o que ele tratou logo de "arrumar".

E foi assim que, numa espécie de milagre da multiplicação invertido, os 15 volumes passaram a 10 e pudemos fazer o check-in sem custos adicionais! Como sempre acontece, também neste caso quem se lixou foi o mexilhão, entenda-se o bagageiro, que com os seus imponentes 1,60 metros teve que carregar três caixas de BTT juntas e mais alguns pares de sacos já individualmente volumosos e pesados.

Passados uns dias de estarmos em Portugal, alguns de nós descobrimos que tínhamos trazido uma "bagagem" adicional nos pés, mas essa estória "tipo Alien", fica para outro relato...

 


1 comentário:

  1. Olá. Moro em Granja no Ceará – Brasil. Pesquisava na internet quando encontrei fotos do Elf Authentique Aventure no blog. Gostaria de saber se existem mais fotografias desse evento que aconteceu em 2000. Contato: jordany@brasilforro.com

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