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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cuidado... a tinta está fresca!

 Por: Ricardo Chumbinho
 
Quando me propus avançar com um texto em resposta ao desafio lançado pelo Luís Sérgio, hesitei se escreveria sobre os primórdios das provas de orientação no Desporto Escolar em que, em dada prova, um participante de uma escola que ainda por cá anda (a escola...) tinha tudo combinado com um amigo para estar à sua espera e fazer parte da prova de mota, se sobre aquele episódio em que um determinado aluno não foi seleccionado para o ISF mas, quando me levantei na primeira manhã lá no estrangeiro, a primeira pessoa que eu vi foi o aluno... ou melhor, o seu professor, ou ainda sobre a miúda que, numa prova aqui há umas semanas, quando por mim (que estava nas chegadas de cronómetro na mão) questionado sobre se tinha picado o 200 me respondeu, assim como quem me chama burro, que “só tinha 21 pontos”.

Tomei no entanto outra opção e resolvi relatar uma situação diferente. Se há dias em que a Lei de Murphy se evidencia em todo a sua pujança, um desses dias aconteceu o ano passado por alturas da organização do Campeonato Regional da DREL. De facto, no ano passado o pessoal aqui da zona de Setúbal teve a responsabilidade (aí pela oitava vez na última década) de organizar esta competição que, para além de definir os campeões regionais, apura para os Campeonatos Nacionais. Tendo a prova início numa sexta-feira, na quarta-feira anterior já o Miguel Morais tinha os ficheiros para impressão e a indicação das respectivas quantidades para a prova de Ori-Precisão, para a Estafeta e também para as duas distâncias médias. No total e porque esta já era uma fase com apuramento prévio, estaríamos a falar aí de uns 500 mapas. Nada de preocupante quando, ainda por cima, tínhamos ainda 2 dias para imprimir e ensacar, ou seja, mais do dobro daquilo que o Miguel costumava ter para as nossas provas locais (Luís Sérgio, será tecnicamente viável o Luís Santos não ter acesso a esta parte do texto?)!

Entretanto, na quinta-feira de manhã, recebi um telefonema do Miguel Morais dando-me conta de um pequeno revés: a impressora estava avariada e necessitava de uma peça nova, sendo que até à hora de almoço ele saberia se teria assistência técnica em tempo útil para a prova. Nada de preocupante, pensei: “à hora de almoço ele telefona-me e diz-me que está tudo ok!”. Bem dito, bem feito: à hora de almoço ele telefonou-me... mas para dizer que devido à nuvem de cinzas vulcânicas que pairava sobre a Europa com origem num qualquer vulcãozeco Islandês e que fez na altura com que muitos voos tenham sido cancelados (lembram-se?), a peça não estava disponível. Não haveria, portanto, mapas para o Regional impressos pelo Miguel. Agora sim, começava a ser um pouco preocupante o facto de não termos mapas nem perspectivas de os vir a ter, embora ainda faltassem cerca de 24 horas para o início do evento. Uma eternidade!

Avançou-se pois para uma solução alternativa: tinha que encontrar uma gráfica com qualidade de impressão suficiente, nomeadamente quanto às cores, com disponibilidade para a impressão de 500 mapas de perto de 30 ficheiros diferentes de um dia para o outro e que, mesmo não me conhecendo de lado nenhum, aceitasse fazer o serviço sem pagamento e facturar à DRELVT para receber mais tarde! Nada de extraordinário, mas estávamos na hora de almoço e as gráficas estavam fechadas. Foi necessário esperar mais algum tempo pela reabertura do comércio, dando assim oportunidade para que se fosse instalando uma certa angústia que se fazia sentir nos diversos nós que entretanto ia tendo no estômago...
 
O comércio reabriu e, como seria absolutamente esperado, encontrou-se a tal gráfica que até achou perfeitamente natural fazer o trabalho pedido por um estranho sem receber. Só era pena os seus técnicos nunca terem ouvido falar em nenhum CONDES ou OCAD (bem se vê que não era uma gráfica do Concelho de Palmela). Foi pois necessário recorrer à ajuda do Miguel Morais, que estaria não sei bem onde, até se encontrar um formato de ficheiro compatível com os recursos técnicos e humanos da gráfica e sem perda de qualidade. O Miguel lá falou com os homens ao telefone (penso que seria chinês...) e chegaram a um acordo. Veio um ficheiro, fizeram-se testes de impressão, aceitei a qualidade do trabalho (imaginem eu a fazer-me caro numa situação daquelas...), o Miguel carregou os ficheiros no Dropbox, descarreguei-os na gráfica onde, por aquela altura, já tinha quase um escritório por minha conta com secretária, cadeira, pc, etc., e finalmente, depois de quase uma tarde inteira nestas andanças, estava tudo ok para se dar inicio ao trabalho. O que não ajudou muito naquela ocasião, foi o facto de me terem dito “desculpe lá o transtorno mas está na hora de fecharmos!”. Nada a fazer... mas também naquela altura já nada me afectava. Agarrei nas minhas coisinhas e fui calmamente para casa. Estranhamente tranquilo, como naqueles filmes em que após longa agonia provocada por um golpe de espada no peito, o moribundo se vê perante a morte iminente e assume uma inexplicável serenidade... “Mas esteja descansado que amanhã estamos cá às 08:30 e depois é num instante”, remataram. Provavelmente foi isto que me tranquilizou tanto, o facto de saber que às 08:30 da manhã do dia do regional, possivelmente lá iria ter os meus mapas.
 
No outro dia de manhã, em vez de ir para onde devia, lá me dirigi à gráfica para supervisionar e acompanhar todo o processo de impressão e, em condições normais, sair dali com os mapas religiosamente guardados debaixo do braço. Só que quando estávamos com todos os mapas das médias e da precisão impressos, faltando apenas alguns masters e todas as estafetas... avariou-se uma peça da única máquina da gráfica que tinha condições para este trabalho. Sem stress, o técnico pediu a uma colaboradora para ir ao armazém buscar uma das muitas peças que habitualmente lá se encontram em stock para estas situações. Só fiquei um pouco apreensivo quando ela voltou para confirmar exactamente a referência, modelo, etc. De posse destes dados lá voltou ao armazém...e adivinhem: havia todas as peças, toners e consumíveis em stock... excepto a que fazia falta. Já começava a ser um bocadinho de azar!

Mas lembremo-nos que era sexta-feira, dia de semana. Algo havia de se arranjar. Telefonou-se ao fornecedor, de quem se dizia ser muito diligente e habitualmente resolver estes problemas “na hora”. Mas parece que esta era uma má hora, pois excepcionalmente e por ser sexta-feira, o homem tinha ido para fora... mas na segunda-feira de manhã seria logo a sua primeira tarefa. Pena que o regional fosse começar sensivelmente dentro de 2 horas e na segunda-feira, quando o diligente fornecedor voltasse, já estivesse cada um em sua casa.

Fui então para Sesimbra, onde já estavam as comitivas a almoçar e a fazer o check-in no secretariado. Agora a minha principal preocupação era não chegar atrasado à reunião técnica para não dar aspecto de falhas na organização (J), embora de vez em quando me viesse à ideia o facto de estar ainda por resolver a questão das estafetas! Não era grave pois apesar de no outro dia ser sábado, de eu já não ter tempo para mais diligências e de uma série de outras coisas que não são agora para aqui chamadas, a estafeta era só no outro dia.

Entretanto, na escola e após a reunião, encontrou-se uma solução aceitável. Dizia o Baltazar que a escola dispunha de uma excelente impressora laser a cores, podendo imprimir-se os mapas da estafeta na escola. Apesar de alguma perda de qualidade, era melhor que nada. A mim, pareceu-me a melhor solução do mundo. Bastava telefonar ao Miguel Morais e pedir-lhe que enviasse um pdf dos ficheiros, já que eu não os tinha comigo. E o Miguel lá se chegou à frente novamente. Fiquei satisfeito quando recebi um SMS do Miguel com o seguinte texto: “já está”, referindo-se à conversão e envio dos ficheiros. Curiosamente, foi nessa altura que ficámos às escuras na sala! Tinha havido um problema de corrente e não havia computadores, impressora, etc., mas isto já não era como dantes, em que faltava a luz durante várias horas e vivíamos à luz de velas e candeeiros a petróleo. Poucos minutos depois foi reposta a normalidade. O que não foi reposto foi o servidor da escola, que avariou por causa do corte de corrente. Estávamos pois sem acesso à net e consequentemente com possibilidades um pouco diminuídas de acedermos aos ficheiros para impressão...

Nesta altura (já nem sei que horas eram, mas a primeira prova estava prestes a começar) começava a achar que não iríamos ter prova de Estafetas. Foi então que um amigo que nada tem a haver com o Desporto Escolar mas estava presente a assistir à novela porque eu o tinha convidado para participar e tirar uma fotografias, algo que ele tanto gosta de fazer, se sai com a seguinte bomba: “ora bem, eu tenho lá [nem quis saber o que é que isso queria dizer] uma boa impressora a laser e a cores. Basta-me não dormir cá conforme estava a contar, pedirem ao Miguel Morais para enviar o pdf para o meu endereço e talvez isto se resolva”. Adivinham o que aconteceu? Não.....? O Miguel Morais enviou, pela enésima vez, os ficheiros, o meu amigo foi fazer a provazinha dessa tarde, à noite foi para casa e no outro dia de manhã (ou talvez tenha regressado para o solo duro ainda nessa noite, não me lembro...) lá estavam os mapas da estafeta e a prova fez-se mesmo!

Estranharam não foi? Depois de uma impressora avariada, uma nuvem vulcânica, uma peça de outra impressora avariada, uma ruptura de stocks, um fornecedor em fim-de-semana antecipado, um corte de corrente e uma avaria num servidor... Nem um furo no carro, nem falta de tonner ou papel, nem nada... Pois foi assim mesmo. E brincando um pouco com o título de uma rubrica deste blog, penso que já estive mais longe de poder dizer Eu ainda hei-de ser do tempo em que, quando fizer check no -2, sai o meu mapa na impressora que está na linha de partida.

2 comentários:

  1. Genial. Absolutamente genial!
    Parabéns e... venham mais destas.
    JOAQUIM MARGARIDO

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  2. Meu Deus... Faz de conta que não li nada disto... :-)

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