Croácia “on the rocks”
De facto a imagem mais forte que todos retivemos na memória foi a de campos de pedras e rochas calcárias a perder de vista, uma paisagem árida quase desértica de um branco imaculado. Por vezes ao calcário parecia ser vidrado tendo arestas extremamente cortantes, tornando o caminhar verdadeiramente penoso e arriscado.
O nosso objectivo resumia-se a procurar uma nesga de espaço onde colocar o pé tentando evitar o quase inevitável entorse (felizmente para a nossa equipa que nenhum deles teve gravidade), rejubilando quando encontrávamos um ocasional afloramento rochoso que nos permitia dar dois passos normais, ou melhor ainda os resquícios de um carreiro feito por duas ou três ovelhas erráticas, que alimentavam por breves momentos a esperança de que era desta que iríamos encontrar o caminho tão desejado.
Saltitando de desilusão em desilusão lá íamos progredindo lentamente, sem coragem para olhar ao longe limitando-nos a pensar onde colocar o próximo pé. Não poucas vezes pisámos pedras soltas, que ao se moverem nos desequilibravam, ou que pior ainda se viravam contra nós, atacando as nossas canelas sem dó nem piedade.
Se caminhar neste terreno de dia já era um tormento, de noite as coisas ainda se tornavam mais complicadas, piorando consideravelmente quando o sono se aliava à escuridão, tornando o solo num labirinto de sombras projectadas pelos nossos frontais.
Por vezes, qual cereja no cimo do bolo, atravessávamos áreas com um emaranhado de muros de pedra periclitantemente empilhadas e sem qualquer lógica aparente, que se atravessavam no nosso caminho, tornando a progressão numa verdadeira prova de barreiras. Alguns dos muros ainda tinham o bónus adicional de terem uma linha de arame farpado no topo, tornando a sua transposição muito difícil e perigosa.
Tenho que admitir que não foi fácil resistir ao uso da técnica de derrubar os muros para os passar mais facilmente, que viemos a saber posteriormente, foi usado com “bons” resultados por outras equipas.
Para terminar não posso deixar de manifestar o meu contentamento por não ter ficado minimamente traumatizado por esta provação, para além de algumas nódoas negras claro, e estou seguro que o ódio que senti pelas pedras será facilmente ultrapassado em dois ou três anos!
Nessa altura eu estava a começar a participar nas corridas de aventura e lembro-me da vossa participação nessa prova da Croácia.
ResponderEliminarTambém me lembro que tiveram um resultado bastante bom! Foi top-10, certo?
Abraço
Jorge Xará
Eh,Eh
ResponderEliminarAinda me lembro das pedras (aquelas ilhas eram uma tortura), das "refeições" do Noronha, de dormir "encostadinho" ao Noronha, da opção kamikase com um aviso da minas, de te empurrar na bike e de ser puxado por ti na natação e daquele final de caiaque a "sprintar" à frente do ferry.
Ainda somos do tempo que tínhamos pretensão a ser atletas :)
Um abraço
JB