Comentários

Estou à espera das vossas histórias!!!

Agora os comentários mais recentes ficam visíveis aqui ao lado. Os comentários a crónicas antigas já não ficam "perdidos" e todos sabemos o que isso custa...

Now the top chronicles will also be available in English. Look for the tag ENGLISH to see all of them. Have fun!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Joaquim Sousa - quase 20 anos a ganhar Estafetas!

Após os brilhantes resultados do Sousa no passado fim-de-semana e em particular a sua vitória na prova de Estafetas, não pude deixar de recordar que ele também ganhou o primeiro Campeonato Nacional de Estafetas, que se realizou em Mafra, na longínqua época de 93/94. Nessa altura representava a Associação de Comandos e fez equipa com dois ilustres desconhecidos: Paulo Alípio e Luís Sérgio...

Mas para contar esta história como deve ser, tenho que recuar mais um pouco no tempo, até ao ano de 1991 quando me cruzei pela primeira vez com o recruta Sousa, numa altura em que era instrutor do Curso de Comandos. Digo que me cruzei com ele e certamente aconteceu, mas disso não guardo memória, pois ele era apenas mais um de 300 vermes que por ali rastejavam.

Só uns meses mais tarde, já ele era 2º Cabo é que o Sousa passou de facto a existir para mim, quando nos cruzamos (neste caso seria mais correcto dizer quando nos chocámos) num treino de Orientação. Estava a aproximar-se o Campeonato interno de Orientação e o comandante da CC124 (Cap. Bartolomeu) pediu-me para preparar um treino com carta militar, em Belas.

O Sousa foi um dos participantes no treino e no final apercebi-me de algum burburinho (que como já repararam sempre há à sua volta), relativo a um ponto que teria desaparecido. Lembro-me que nessa altura fui verificar o cartão do Sousa e percebi que um dos picotados não tinha sido feito com o respectivo picotador (aqui há alguma divergência nas nossas versões, já que ele afirma que foi ele que me informou disso. Ora como todos sabemos a história é escrita pelos mais poderosos, logo como eu era Oficial e ele apenas Cabo, prevalece a minha versão).

Seja como for, numa coisa estamos os dois de acordo: como não encontrou o ponto, ele resolveu a situação "copiando" o picotado de outro participante (ele diz que desmontou um picotador e usou um dos picos), mas quem já controlou picotados sabe que não é possível replicar dessa forma o picotado, já que sem o buraquinho por baixo os seus bordos ficam irregulares.

À custa dessa atitude ele acabou por ficar fora da equipa da Companhia dele, atrasando assim o inicio da sua brilhante carreira na Orientação. Algum tempo depois disso acabou por integrar a equipa do Regimento de Comandos da qual eu era treinador (também foi aí que o Paulo Alípio se iniciou). Na sequência desses treinos, ele ainda hoje tem a delicadeza de dizer que eu lhe ensinei tudo o que sabe, mas claro que isso é um exagero da parte dele, já que por exemplo eu nunca lhe ensinei qualquer asneira!!!
Seguiram-se inúmeros sucessos nas provas militares e como já referido a vitória no CN. de Estafetas de 93/94. Posteriormente voltámos a ganhar de novo as Estafetas em 96/97, na Lagoa de Óbidos.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Campeonato Nacional de Estafetas 2011 - Apontamentos


Começo por me penitenciar publicamente por ter "enterrado" a minha equipa de Estafetas, ao ser desclassificado por ter controlado um ponto que não era o meu (sim... eu sei que os pontos têm um código para confirmar que é o certo). Só posso alegar em minha defesa que nessa altura já estava a escrever o próximo post para aqui, que esperava iniciar de forma diferente...

Esta situação fez-me lembrar os tempos em que os professores tinham uma cana comprida como auxiliar educativo. Nessa altura havia sempre um aluno solícito que tratava de providenciar a referida cana, mas que acabava invariavelmente por ser o primeiro a dar uma voltinha nela. Isto vem a propósito de eu ter proposto um cajado de prémio para o mais pastor e logo na primeira oportunidade fiz por merecer essa honra, e a verdade é que fui mesmo presenteado com um cajado (obrigado franjinhas), ainda que fosse apenas uma das estacas do Ginásio.

Quem já se desclassificou numa prova sabe o que isto custa, mas neste caso ainda é mais complicado, já que se tratava duma estafeta, agravado pelo facto da minha Maria fazer parte da equipa (certamente vou ficar a pão e água) e ainda por cima o meu pirralho de 8 anos farta-se de gozar comigo (e todos sabemos como as crianças conseguem ser cruéis umas com as outras)! 
 Ofereço aqui este docinho ao Rui Botão em jeito de desculpa por o ter abandonado à sua sorte durante a estafeta. Depois de ter-mos controlado 3 pontos mais ou menos juntos (embora ele corresse mais que eu), estávamos a abordar o ponto 12 quando ele que ia à frente hesitou um pouco e parou a ler o mapa. Passei por ele, contornei uma área verde e piquei o ponto que devia estar a 10 metros do Rui. Como me pareceu que ele não me tinha seguido, saí de fininho pelo meio da vegetação e segui para o ponto seguinte. 

Nessa altura tive sentimentos contraditórios, já que senti alguma satisfação mas também algum remorso por não o ter chamado. Consegui apaziguar a minha consciência, dizendo a mim mesmo que por se tratar duma estafeta tinha agido bem, já que posso oferecer o meu esforço, mas não o dos meus companheiros de equipa. Se nessa altura não estivesse já desclassificado, agora estaria a pensar que teria sido castigo divino... Mesmo assim acabou por me voltar a apanhar e terminou antes de mim (claro que eu já tinha decidido que não valia a pena entrar em despique com ele, pois tínhamos saído na partida em massa).

 Já que entrei nesta senda de propor prémios especiais, vou sugerir e neste caso também atribuir o prémio do Controlar Mais Sorridente. Como já devem ter adivinhado pela foto o prémio vai para... Tânia Covas (.COM)!

 Não posso deixar de salientar o regresso às provas do Simões, um dinossauro da nossa modalidade, que havia 15 anos que não participava numa prova. Aliás, ninguém me tira da cabeça que o cheiro estranho que se sentia na floresta, e que muitos atribuíram erradamente à fábrica anexa, não era mais que o cheiro a naftalina e quem sabe algum mofo, do fato do Simões por ter estado tanto tempo arrecadado!

Irradiando simpatia o Simões deu-se ao luxo de parar para me cumprimentar quando o incentivei após partir e voltou a fazê-lo no ponto de espectadores depois de cumprimentar também o Sousa.

 Para os mais desatentos informo que o Simões integrou a Selecção Nacional que participou no WOC em 91 na Checoslováquia, tendo sido o nosso corajoso representante na Distância Longa, num percurso com 17 km (um destes dias volto a este tema).

Faço votos que ele tenha voltado para ficar.

domingo, 29 de maio de 2011

Campeonato Nacional de Estafetas 2011 - Fotos

Que outra Federação Desportiva se pode orgulhar de ter um Vice-Presidente com esta pujança?
Podem ver uma selecção de 267 das quase 1000 fotos que tirei hoje durante o CN de Estafetas 2011 - AQUI

sábado, 28 de maio de 2011

Prova de Distancia Longa ou de longa distância?


Começo por referir que hesitei se devia levantar esta questão aqui ou no meu "alter blog". Decidi-me por fase-lo aqui porque acho pertinente discutirmos este assunto e se este meu artigo pode ser considerado uma critica, pretendo que seja construtiva.

Quero também deixar claro que não pretendo criticar em particular esta organização do Ginásio (nem o Supervisor), clube pelo qual nutro admiração por assumir organizações de grande responsabilidade com reconhecido brio, mas já há algum tempo que pretendia levantar esta questão, tendo sempre receio de melindrar o ultimo organizador, pelo que fui deixando passar, mas penso que de facto urge corrigir esta situação.

Há alguns anos um ilustre Traçador de Percursos perguntava-me o que tinha achado do percurso de CN Dist. Média que acabara de terminar. Respondi que aquele terreno seria interessante para uma Longa, mas que não era adequado para um Média. Ele reagiu com muita surpresa perguntando se é preciso um terreno especial para uma Média. A resposta é sim, da mesma forma que há terrenos que não se adequam a uma Longa.

Os mais desatentos podem pensar que o titulo deste artigo não faz sentido, já que uma Distancia Longa é igual a uma longa distancia. Nada mais errado! Para alem da questão semântica (que a stora Fernanda - DAR, nossa Provedora Linguística dos Blogs e Sites de Ori, está mais habilitada a comentar), uma longa distancia é isso mesmo, devidamente adaptada ao contexto onde se integra (se estivermos a falar de aeronáutica, o longo será obviamente diferente do que se se tratar de aeromodelismo...). Já uma Distância Longa é todo um conceito, com objectivos bem concretos e definidos, fruto duma evolução de décadas e que está bem caracterizado nos Regulamentos da modalidade.

Um terreno para uma Distancia Longa tem que permitir traçar percursos que ponham em evidencia a capacidade de escolher as melhores opções após uma leitura atenta do mapa. Terrenos como o de hoje apenas exigem capacidade de andar em linha recta, contornando apenas algumas pequenas elevações.

Claro que o Traçador de Percursos tem um papel importante nesta questão, mas não se podem fazer omeletas sem ovos. O que está aqui em causa é a atribuição das provas das várias Disciplinas, sem avaliar devidamente se o terreno se adequa às características de cada uma elas.

Outro erro que tem sido recorrente é achar que uma Longa só deve ter opções de "Longa". Quando se diz que uma Longa deve incidir nas tomadas de opção, não se está a inviabilizar que haja secções do percurso que sejam mais técnicas.

Ultimamente temos "fugido" de terrenos que embora não sejam muito técnicos, alguns deles podem ser adequados para traçar percursos de Longa (ah... Não se esqueçam que eu sou um saudosista dos picos).

Importa discutir abertamente estas questões e proceder aos necessários ajustes. A Orientação agradece!

PS: "escrevi" este artigo durante a prova, o que só prova que estou cada vez estou pior da minha Bloguissite Aguda, mas sobre este tema o Margarido está mais avalizado para falar, pois além de padecer da mesma enfermidade é Enfermeiro...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu estava lá quando foi eleito o logo da World Cup 2000


Como é do conhecimento geral, Portugal organizou o Final Round da Taça do Mundo em 2000, na Marinha Grande - Leiria e em Monsanto - Lisboa. Inicialmente a ideia era uma organização conjunta com Espanha, mas acabámos por avançar sozinhos e surpreendentemente fomos escolhidos, em detrimento outras candidaturas com mais créditos (claro que o exotismo da Orientação em Portugal também deve ter pesado a nosso favor).

A organização envolveu técnicos voluntários de todo o país, que conjugaram vontades e esforços, para organizar um evento de grande qualidade, que afirmou definitivamente Portugal como país com grande capacidade organizativa, também na Orientação.

Dois anos antes da prova foi lançado um concurso para eleger o logótipo do evento. Nessa altura eu trabalhava na FPO (DTN) e mesmo sem ter qualquer experiência anterior em design, decidi-me a apresentar também uma proposta.

Como aconteceu em relação ao concurso de frases do COAC, também neste caso despertei uma fera designer adormecida em mim e acabei por apresentar mais de duas dezenas de propostas, sendo que na sua maioria eram variações do mesmo tema.

Com a apresentação de tantas propostas as minhas probabilidades de ganhar aumentaram muito e de facto acabou por ser escolhida uma delas. Aproveito para esclarecer os mais desconfiados que foi uma escolha cega e que me coube a mim numerar as propostas, pelo que só eu sabia quem eram os candidatos (vocês são terríveis... não eu integrava o júri! Lembro-me que dele faziam parte o Gino, a Isilda Santos, o Francisco Pereira e mais dois que não recordo).

Como devem imaginar, acompanhei as apreciações das propostas com muito interesse e expectativa, vendo as propostas minhas concorrentes a caírem uma a uma, e foi já inchado de orgulho que no final assumi a paternidade do Logo vencedor.

Para terminar refiro que acho que esta minha única incursão no design gráfico foi muito feliz e resultou num logo apelativo e cheio de significado... quem sabe passa por aí a alternativa à minha actividade estagnada de Cartógrafo (para que não restem duvidas o logo resultou dum aglomerado de plágios, mas acho que isso deve ser prática corrente neste metier).

PS: Só por curiosidade, este tema ocorreu-me porque reparei que tinha vestido uma t-shirt da World Cup com o logo, já com 11 anos... o que atesta desde logo a sua longevidade (e do algodão da camisola).
Algumas variações do logo. Infelizmente já não encontrei todas as minhas propostas que foram a votação...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Antes cajado que chocalho! (*)

Por Dinis Costa

O cajado é do pastor e o chocalho é do gado.

O cajado, o pau tinha que ser bem escolhido, pau mole e direito, sem ser resinoso, com um comprimento que desse para apoiar as mãos em concha, uma sobre a outra, com queixo apoiado nas costas da que fica por cima, em postura de pastor. Peça de sátira entre companheiros, quase irmãos, risos e galhofa.
Burilar um cajado, fazer neste gravuras a ponta e gume de navalha - navalha estilete, era obra de arte. O cajado era uma peça de ritual que se iniciava no final do treino, logo que conhecidos os tempos, dava-se a passagem do testemunho, até ao início do próximo. Neste período o cajado era companheira de cama e mesa.

Este tipo de rituais é saudável em grupos unos, coesos, cria relação, solidariedade e fortalece o grupo onde o fracasso individual é absorvido por todos. O prémio do cajado “espécie de mascote” era punição psicológica que visa ser superada na primeira oportunidade.

A mesma prática usada em grupos disformes, a meio ver, pode produzir efeitos nefastos pois, com frequência, nestes casos, é dada primazia ao ridículo individual que exclui. A punição simbólica é aplicada a quem o grupo quer e tem de ajudar, trazendo-o para dentro pelo ensinamento.

Por isso proponho a abolição do chocalho e entre o pastar e borregar (o borrego ainda não os tem) escolho o último pois, a associação entre chocalho e pastar cria a imagem cerebral de animal com chifres. 

E, destes faz-se a ponte para a lua - quando cresce ou mingua, desta para a mulher – pelos seus ciclos - e desta para a traição, e daqui para o armar: por os ditos. É certo que hoje já não há cabeça de casal, e sem cabeça não há lugar de “enfeitamento”!? (… ), e, por outro lado, borregar também pode significar gritar…”pedir ajuda, viste o nº.x…”

O cajado, faz de um praticante pastor, diz ao grupo que ele é pastor, quer dizer que não pasta, quando muito movimenta-se ao sabor do rebanho, que se movimenta de acordo com o chamamento do pasto.
Mas, o cajado também é memória, pelos seus trabalhos “decoração”que contam uma história; revela a geografia dos estágios/treinos, a memória das viagens e suas atribulações ou seja, o cajado instituísse quase como um monumento, memória do passado que exclui quem não esteve presente, ficou ali gravada toda a oralidade, das palavras ditas e não ditas, a partilha de momentos de convívio os bons e os maus.

Assim, quem transporta o cajado tem-no à sua guarda e é responsável pela sua segurança, até passar o testemunho, transporta-o, mas este não lhe pertence, só tem o seu uso fruto: que é temporário e imposto e sempre vigiado pela “chacota”do grupo.

O cajado é um símbolo, - memória do grupo em experiência - foi a sua significação pressentida que te levou a guarda-lo.

Uma preciosidade, uma peça de museu “… para memória futura”.

(*) Lido o teu artigo, recordei, e escrevi este pequeno apontamento que se destinava a ser “comentário” do mesmo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tenho uma nóda no peto ai ai; de me encostar ao cajado!

É impossível deixar de reparar nas várias formas de analogia entre a Orientação e a actividade da pastorícia. Isto fica claramente patente em diversos termos usados na nossa modalidade, quer para designar os praticantes, quer os seus desempenhos (curiosamente apenas os negativos).

De seguida vou referir os mais frequentes e respectivos significados:

Pastor - refere-se àquele que pasta (não ao que pastoreia), pretendendo dar a entender que fruto de erros de navegação acabou por percorrer muito "pasto"; corruptela do termo pastador (ou pastista...;o), que seria o mais correcto;

Rebanho - grupo de praticantes que se desloca em grupo, podendo ou não cooperar entre si. Como em qualquer rebanho há uma tendência para seguir o líder, mesmo quando ele se engana;

Manada - idem;

Carneirada - idem; expressão também em uso no Brasil, pois em tempos ouvi um brasileiro se referir a dois atletas tugas como: "Carneirada... de onde um tira o pé o outro põe!!!";

Pastar - acção de deambular no terreno sem sabermos exactamente onde nos encontramos. Os mais preparados usam as já aqui publicitadas técnicas do Quadrado e Caracol;

Chegar de barriga cheia - refere-se àquele que pastou muito;

Borregar - acto de falhar, normalmente por não encontrar o ponto.

No meio militar e em particular nos Comandos, rapidamente esta analogia teve materialização física, pelo aparecimento de cajados que, como se sabe, são uma ferramenta indispensável a qualquer pastor que se preze. Assim, era normal que um praticante que "pastasse" numa prova, fosse presenteado à chegada com o merecido cajado, que ele ostentava com muito embaraço.

Nos Comandos esta tradição foi levada mais longe e era criado um cajado para cada período de treinos. Após cada treino/competição o cajado ficava na posse daquele que tinha tido um melhor desempenho pastoril, e que assumia assim a incumbência de contribuir para a sua decoração. Esta era uma honra que ninguém ambicionava, já que quando regressávamos ao Regimento, o portador do cajado era alvo de chacota por parte dos restantes militares com quem se cruzava (havia sempre um de nós por perto para explicar a tradição).
Nas fotos podem observar um desses exemplares que ficou na minha posse (garanto-vos que isso não aconteceu por desempenho pastoril). Como podem ver o cajado foi acumulando várias gravações, sendo de destacar que uma delas até especifica quais os pontos que provocaram essa distinção. Alguns, numa clara demonstração de humildade gravaram o próprio nome; outros, mais reservados, apenas gravaram as suas iniciais.

Há muito tempo que não vejo alguém com um cajado...
Será que já não há pastores?
Porque não reavivarmos esta tradição e passar a atribuir também um cajado na entrega de prémios?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Andaluzia eXtrem - Casi casi!!! - I

O Andaluzia eXtrem foi uma prova de aventura em BTT, que decorreu no sul de Espanha em  Maio de 2001 e tinha uma extensão de 800km. Nesta prova fiz equipa com a minha Maria e mais uma vez informo que voltarei a este tema mais tarde (com um bocadinho de sorte e persuasão, ainda consigo convencer a Maria a dar um contributo...).
O artigo que se segue foi escrito na altura.


Após cerca de 700 km em que fizemos uma boa gestão do esforço/descanso, de forma a garantir que chegaríamos a Granada sem percalços, acabámos por ser traídos por uma tendinite no pé direito da Maria, que nos levou a abandonar a competição a escassos 100 km da meta. A decisão de abandonar a competição foi difícil, não só por estarmos “casi casi”, mas também porque estávamos em excelente condição física, e em posição de chegar a Granada ainda durante o dia de Sábado!

Por outro lado, termos parado tão perto também significa que nos “divertimos” durante cinco dias e cinco noites, num sobe e desce constante, usufruindo da agreste paisagem da Andaluzia, que nos primeiros dias se revelou bastante inóspita e quase desértica, tornando-se depois mais acolhedora e com alguma água, embora sempre com grandes desníveis. A prova revelou-se, como era esperado, bastante dura, especialmente por haver grandes partes do percurso sem caminhos, onde as BTT’s tinham que ser transportadas às costas, em terreno extremamente irregular e por vezes com vegetação bastante densa.

A organização do evento teve algumas falhas, nomeadamente no que diz respeito à pouca informação que estava disponível para as equipas, sendo necessário estar constantemente a fazer perguntas de forma a sabermos o que se ia passar. Para além disso houve diversos pontos e inclusivamente etapas que foram anulados, o que revela algumas lacunas no planeamento da prova.

Como balanço final da prova, e apesar da nossa desistência, podemos afirmar que foi bastante positivo, tendo permitido acumular mais alguma experiência neste tipo de competições, que será seguramente bastante útil em futuras participações.

domingo, 15 de maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lost in the translations!

Em virtude de ter um razoável domínio da língua da língua inglesa, sou com alguma frequência empurrado para a tarefa de tradutor, onde tenho que fazer um enorme esforço para superar a minha timidez. Vou de seguida contar-vos três dessas situações, que como é óbvio envolveram algum embaraço, pois caso contrário não teriam lugar aqui.

O meu primeiro “contrato” oficial de tradutor foi durante o Congresso da IOF, que decorreu em 1998, em Sintra. Na verdade neste caso era até mais do que apenas tradutor, já que estava a desempenhar tarefas de mestre-de-cerimónias. Acho que até me estava a desenrascar razoavelmente, mas o pior estava para vir. Após o banquete de encerramento, havia um membro da Direcção da IOF que tinha que ser chamado para receber um prémio, pelo que lá meti cordas-à-obra! E chamei a Iordanka (até aqui tudo bem, até porque já a conhecia pessoalmente) o pior foi a parte do apelido: Melnikliyska (agora olhando com mais calma até parece que não é assim tão difícil…). Confesso que aqui me espalhei ao comprido e foi uma risada geral (como é habitual devo ter corado de orelha a orelha). O que vale é que a visada também encarou a situação com um sorriso e tudo ficou bem.

Felizmente o meu desempenho como tradutor/speaker não impediu que esse Congresso da IOF, tivesse sido considerado um grande sucesso organizativo.

A minha segunda prestação com tradutor ainda foi mais desafiante, pois consistiu em fazer tradução simultânea durante a Prova de Aventura Raid do Guadiana – em 2004. Para os menos informados a tradução em simultâneo consiste em estar numa cabine com uns auscultadores, onde escutamos os discursos e ao mesmo tempo estamos a traduzir, para ser escutado por quem está na sala com auscultadores. Na prática enquanto estava a traduzir para inglês uma coisa que tinha acabado de escutar, já estava a escutar outra para traduzir. Garanto-vos que não é tarefa fácil, desde logo porque como sabem a construção das frases em inglês é muito diferente do português.

Apesar de tudo acho que até estava a conseguir traduzir a maior parte das coisas, apenas com algumas abreviações (é do senso comum que o inglês é muito mais conciso que o português…). As coisas complicaram-se quando o representante do turismo das “Terras do Grande Lago” (Lands of the Great Lake) começou o seu discurso. Para além de falar depressa, enumerou os méritos das “Terras do Grande Lago” até à exaustão, apenas para voltar a falar novamente nas “Terras do Grande Lago”… Já perceberam que comecei a ficar um pouco cansado de repetir “Lands of the Great Lake”, algumas dezenas de vezes e inebriado pelo poder que tinha na boca, disse ao microfone: “I’m sorry, but I´ll stop translating because it’s just bla bla bla”. 

O problema é que na minha ingenuidade, não antevi a reacção que isso acabou provocar: uma gargalhada de todos os que estavam a escutar a versão inglesa, que era a maioria dos gringos, enquanto eu me afundava na cadeira e também literalmente… (eu não referi mas tinha ao lado uma colega profissional, a traduzir para francês).

A terceira situação aconteceu mais recentemente, durante o Campeonato Mundial de Ori-BTT, que decorreu no ano passado em Montalegre. Durante a Cerimónia de abertura, lá fui outra vez endrominado para traduzir para inglês os discursos oficiais do Presidente do COP, do Presidente da FPO e do Presidente da CM de Montalegre. E o problema foi mesmo este último, que estava manifestamente entusiasmado por receber tantos estrangeiro na sua terra, pelo que falava durante muito tempo, abordando várias ideias distintas, que eu tinha que memorizar e traduzir posteriormente (aqui acho que me debati logo com o dilema terrível, se devia memorizar já em versão inglesa ou ainda por traduzir). 

Como já devem ter adivinhado (ou recordado os que estiveram presentes), acabei por tropeçar nos meus próprios pensamentos (ninguém me tira da cabeça que foi uma entrada à margem da lei de algum vocábulo inglês). Mais uma vez consegui arrancar uma gargalhada geral à plateia (espero que na maioria dos casos por solidariedade e compreensão), mas desta vez não me fiquei e mandei todos se calarem, pois eu estava a fazer o meu melhor ( I'm trying to do my best here. Shut up!”).

Felizmente, eu logo no inicio já tinha avisado os gringos que esperava ser melhor cartógrafo que tradutor… A verdade é que no final alguns dos indígenas locais vieram me felicitar, pois a minha tradução teria sido melhor que o original e ainda propuseram ao Presidente da CM, que me contratasse para futuros eventos. Não posso deixar de referir que o Sr. Presidente encarou toda a situação com um sorriso.

Lamentavelmente esta última situação ficou gravada para a posteridade, e numa demonstração de ausência de sentido do ridículo, disponibilizo acima para verem (agradeço ao Paulo Rocha - Activideo, pela cedência do mesmo).

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cuidado com o monstro!


Aviso todos participantes no CN Dist, Média, no dia 18 Junho em Peniche para terem muito cuidado!!! Este monstro anda por lá... não o pisem!!!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ainda sou do tempo em que se contavam os passos

Quando comecei a praticar Orientação ainda competi muitas vezes com Cartas Militares à escala 1:25000. Para além disso os poucos mapas que existiam eram de qualidade no mínimo duvidosa e os locais escolhidos para colocar os pontos, nem sempre eram os melhores. Imaginem... nessa altura havia até quem pensasse que um ponto técnico tinha que estar escondido no meio do mato, ou enfiado num qualquer buraco (por vezes ainda hoje se notam uns resquícios desta mentalidade nas nossas provas).

Pelo cenário descrito acima, facilmente entendem que a capacidade de avaliar com algum rigor as distâncias, era uma ferramenta muito útil para atingir o sucesso. Na impossibilidade de usar uma fita-métrica, foram desenvolvidas sofisticadas técnicas de medição das distâncias, que assentavam na contagem dos passos (nessa altura ainda não existiam pedometros, nem os GPS...).

Assim, fazia parte da preparação de qualquer praticante de Orientação, avaliar quantos passos precisava de dar para percorrer 100 metros. Claro que era necessário ter esta informação para as várias situações possíveis: terreno plano, a subir, a descer, com mato, cansado, etc. Os mais organizados tinham tabelas com essa informação (não era o meu caso...).

Para facilitar a contagem dos passos foram desenvolvidas duas escolas distintas: os que defendiam a contagem de passos duplos (era contado apenas cada pé esquerdo); ou os mais radicais que contavam de quatro em quatro (pé esquerdo no chão vez sim, vez não).

Eu testei os dois métodos e converti-me aos passos quádruplos (24 em terreno plano), tendo conseguido automatizar de tal forma a contagem dos passos, que muitas vezes dava por mim a faze-lo mesmo em corrida (sim... tempos houve em que eu corria).

Porque alguns mapas eram um deserto de informação, por vezes havia necessidade de "medir", várias centenas de metros, pelo que surgiram logo técnicas para registar as "centenas de metros". A própria SILVA comercializou uma bússola que tinha acoplado um dispositivo, que permitia fazer esse registo apenas com um dedo. Como nem todos tinham bússolas dessas, o génio inventivo dos tugas, logo desenvolveu uma técnica alternativa: eram enfiadas dez missangas num fio (pendurado algures no equipamento), e a cada 100 metros uma delas era puxada para baixo. Chegados ao objectivo, era só colocar o contador a zeros, puxando novamente todas as missangas para cima.

Quem diz que a Orientação é difícil, devia experimentar como era na pré-história da modalidade, quando muitas vezes encontrar o ponto era uma autêntica lotaria (lembram-se da técnica do quadrado e do caracol? Não foi por acaso que foram inventadas nesta altura...), e ainda tínhamos a tarefa adicional de contar passos.

Curiosamente eu que nunca tive sorte ao jogo, nessa altura era campeão. Parece que afinal é o mapa que me atrapalha.