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terça-feira, 10 de maio de 2011

Ainda sou do tempo em que se contavam os passos

Quando comecei a praticar Orientação ainda competi muitas vezes com Cartas Militares à escala 1:25000. Para além disso os poucos mapas que existiam eram de qualidade no mínimo duvidosa e os locais escolhidos para colocar os pontos, nem sempre eram os melhores. Imaginem... nessa altura havia até quem pensasse que um ponto técnico tinha que estar escondido no meio do mato, ou enfiado num qualquer buraco (por vezes ainda hoje se notam uns resquícios desta mentalidade nas nossas provas).

Pelo cenário descrito acima, facilmente entendem que a capacidade de avaliar com algum rigor as distâncias, era uma ferramenta muito útil para atingir o sucesso. Na impossibilidade de usar uma fita-métrica, foram desenvolvidas sofisticadas técnicas de medição das distâncias, que assentavam na contagem dos passos (nessa altura ainda não existiam pedometros, nem os GPS...).

Assim, fazia parte da preparação de qualquer praticante de Orientação, avaliar quantos passos precisava de dar para percorrer 100 metros. Claro que era necessário ter esta informação para as várias situações possíveis: terreno plano, a subir, a descer, com mato, cansado, etc. Os mais organizados tinham tabelas com essa informação (não era o meu caso...).

Para facilitar a contagem dos passos foram desenvolvidas duas escolas distintas: os que defendiam a contagem de passos duplos (era contado apenas cada pé esquerdo); ou os mais radicais que contavam de quatro em quatro (pé esquerdo no chão vez sim, vez não).

Eu testei os dois métodos e converti-me aos passos quádruplos (24 em terreno plano), tendo conseguido automatizar de tal forma a contagem dos passos, que muitas vezes dava por mim a faze-lo mesmo em corrida (sim... tempos houve em que eu corria).

Porque alguns mapas eram um deserto de informação, por vezes havia necessidade de "medir", várias centenas de metros, pelo que surgiram logo técnicas para registar as "centenas de metros". A própria SILVA comercializou uma bússola que tinha acoplado um dispositivo, que permitia fazer esse registo apenas com um dedo. Como nem todos tinham bússolas dessas, o génio inventivo dos tugas, logo desenvolveu uma técnica alternativa: eram enfiadas dez missangas num fio (pendurado algures no equipamento), e a cada 100 metros uma delas era puxada para baixo. Chegados ao objectivo, era só colocar o contador a zeros, puxando novamente todas as missangas para cima.

Quem diz que a Orientação é difícil, devia experimentar como era na pré-história da modalidade, quando muitas vezes encontrar o ponto era uma autêntica lotaria (lembram-se da técnica do quadrado e do caracol? Não foi por acaso que foram inventadas nesta altura...), e ainda tínhamos a tarefa adicional de contar passos.

Curiosamente eu que nunca tive sorte ao jogo, nessa altura era campeão. Parece que afinal é o mapa que me atrapalha.

1 comentário:

  1. Ola Luis,
    Nao o conhecendo pessoalmente, o que mais me fascinou neste post foi facto de ficar a saber que ".....sim,tempos houve em que eu corria".
    Quem diria.... :)))
    Um abraço

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